★★★★
A marquesa de Havisham
Nos últimos meses, ela havia aprendido a separar a mente do corpo, a sabedoria de não se importar, a deixar as emoções de lado, a se manter à parte da realidade do que estava de fato acontecendo... Mas Locksley derrubava suas barreiras como se Portia as tivesse construído com gravetos... Ele a queria em sua vida até seu cabelo ficar grisalho e sua vista fraquejar. Ele a queria quando seu corpo estivesse curvado e velho. Locke tinha se casado com ela imaginando que não iria querer nada além das noites. Era um tolo, porque agora queria Portia durante todos os segundos do dia. (...) Mesmo assim, ela o tinha colocado em uma situação insustentável: escolher entre dever e desejo, felicidade e desgraça, perdão e orgulho.
Sinopse:
3º volume, Os sedutores de Havisham
"– Você consegue ver além da superfície das coisas.
– Eu reconheço que nem tudo pode ser julgado pela aparência."
O amor pode levar à loucura. E foi exatamente isso que o visconde Locksley viu acontecer com o pai, após a morte de sua amada esposa. Mas, quando o marquês decide se casar com Portia Gadstone, Locke se vê obrigado a tomar medidas drásticas para impedir que aquela mulher incrivelmente bonita se aproveite dele. O desespero levara Portia a concordar em se casar com um louco. O acordo lhe ofereceria a proteção de que precisava. Pelo menos era o que ela pensava, até o filho do marquês ler as letras miúdas do contrato e... tomar o lugar do pai! De maneira repentina, a união supostamente calma planejada por Portia se transforma em uma relação perigosa e repleta de tentações. Ao se ver apaixonada por Locke, os segredos sombrios do seu passado ameaçam cada vez mais, separá-los para sempre... a menos que ele arrisque tudo e entregue seu coração para o amor.
O que eu achei:
Que trama envolvente... ainda estou suspirando aqui... mas também tive muita raiva da protagonista e passei muito tempo duvidando do seu caráter. A marquesa de Havisham é um romance muito intrigante e que traz uma mocinha pouco convencional: um tanto inescrupulosa. Só que ao mesmo tempo dava uma pena dela... o mundo era cruel demais com as mulheres que saíssem um pouquinho da linha, sem segundas chances, sem esperança... Mas que fique claro que eu não achei certo suas mentiras pra se salvar e o envolvimento de pessoas que não tinham nada a ver com a história. Nos livros anteriores a gente conhece um resumo da vida do Locksley, sua infância marcada pela perda da mãe e a suposta loucura do pai (pra mim, ele não era louco e sim depressivo). Locke cresceu sem querer entregar o seu coração a uma mulher por medo de ficar como o seu pai. Aí de repente Portia cai de paraquedas na sua vida, se apresentando como uma viúva pobre que estava unicamente interessada na proteção que o casamento assegurava às mulheres e em dar um herdeiro ao marquês idoso. É claro que Locke não cai na conversa fiada, mas por causa de um contrato, não vê outra saída a não ser se casar com a 'aproveitadora' para proteger o pai. O fato é que ela não era uma viúva mas sim a ex-amante de um conde. O passado dela só é revelado bem depois da metade do livro, após dois anos sendo amante, e acreditando que um dia o tal conde se casaria com ela, Portia ficou grávida, e assim que soube que o lorde pretendia dar um fim no bebê, fugiu e armou todo o plano pra se casar com o "marquês louco" e fazer do seu filho bastardo um herdeiro legítimo. Mas aí ela acaba se tornando a esposa do Locke, por quem ela se sente muito atraída (e é correspondida), depois a atração se transforma em amor quando ela vai se dando conta do cara incrível e honrado que ele é... e começa a bater uma culpa por enganá-lo, deixando ele pensar que o neném que ela espera é dele, embora ela não pense em fazer nada a respeito disso (af, isso me deixou irritada, caramba, o tanto de oportunidade que essa mulher teve pra ser honesta e colocar as coisas em pratos limpos). Reconheço que o contexto social da época realmente não favorecia as 'mulheres perdidas', mas sei lá, isso não justificava seu plano pra mim. Enganar pessoas boas, estar disposta a se aproveitar de um velhinho ou mesmo do filho dele para proteger sua reputação e a criança de outro homem, disposta a enganá-los pelo resto da vida, ela não tinha a menor intenção de um dia contar a verdade. E ele só descobriu a verdade porque o conde contou pra ele. Ao longo da narrativa, me incomodou muito ela ter premeditado tudo e tê-lo deixado sem saída (outra vez) na situação.
No fim das contas, o imenso amor que ele sente por ela lhe permite perdoá-la e aceitar a criança com carinho. Enfim, fiquei decepcionada com a protagonista? Sim... ela vivia argumentando que não tinha saída, mas tinha sim: a verdade. Devia ter contado a verdade pra ele antes de se casar (ou mesmo depois), e se Locke não aceitasse o casamento, Portia ainda saía de lá com uma pequena fortuna nas mãos (por causa do contrato) e podia viver bem com a criança por um tempo e depois procurar um emprego. Mas ao mesmo tempo o arrependimento dela me pareceu muito sincero e ela estava disposta a consertar a situação fazendo o que estivesse a seu alcance, desde confessar publicamente que havia sido infiel e aceitar um divórcio a fingir sua morte e deixá-lo viúvo. Então, no fim das contas, o livro me emocionou de montão, e me peguei pensando que mais que um romance açucarado e com mais uma mocinha perfeitinha e casta dando vida a uma protagonista, esse daqui quis falar sobre segundas chances, sobre perdão, sobre pessoas imperfeitas, sobre como o amor nos faz crescer como pessoas. Eu sei que é só ficção, mas se existissem mais homens como o Locke, o mundo seria um lugar melhor. Desfecho lindo e comovente. Com certeza o meu favorito da série é o segundo volume, O segredo do conde, mas esse ficou em segundo lugar, já que o primeiro não me cativou tanto.
Ele era dela, assim como ela era dele. Coração, corpo e alma. Finalmente, alguém a estava aceitando, com suas fraquezas, seus defeitos e tudo mais. Ela tinha cometido equívocos, escolhido caminhos errados, mas não podia se arrepender de nada disso, pois tudo a tinha levado até ele. Espantava-a que o amasse tanto, e que ele a amasse sem limites....– Estou recebendo o maior prêmio de todos: amor.
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